Nossa cultura obcecada por jovens não nos acostumou a reconhecer a beleza das mulheres mais velhas. Dizem que os homens melhoram com a idade, mas o mesmo não se aplica às mulheres. Por muito tempo nos venderam produtos anti-envelhecimento, nos encorajaram a tingir nossos cabelos e nos persuadiram a investir em cirurgias estéticas para esconder o fato de que estamos envelhecendo.
Alimentamos uma narrativa de que a juventude é primordial e que perdemos nossa aparência e relevância à medida que envelhecemos. Podemos ter mais renda do que mulheres mais jovens, mas é para adolescentes e pessoas de 20, 30 anos que trabalha a indústria da moda e da beleza.
Mas parece que esse jogo aos poucos pode virar. Porque na prática, na medida que envelhecemos, entendemos que tempo e experiência nos transformam, tanto por dentro quanto por fora. Isso, obviamente, se não entramos numa busca desenfreada e inútil pela eterna juventude.
Uma pesquisa recente da Austrália, que acompanhou mulheres durante 20 anos, aponta a maturidade como uma fase mais feliz e atribui parte disso ao fato de que as mulheres cultivam mais tempo “para si” à medida que envelhecem. E quando a gente descobre o “eu” geralmente acontecem muitas revelações satisfatórias.
Com a maturidade podemos voltar nossas energias a realmente nos sentir bem. Adeus ao que não interessa! Olá ao cultivar novos valores, descobrir hobbies, trabalhar no que gosta...
A ideia de envelhecer está mudando drasticamente. Para começar, estamos permanecendo saudáveis por mais tempo, estamos trabalhando mais e estamos fazendo mais atividades em geral.
A ideia de completar 50, 60, 70 anos não está mais vinculada ao período de “deixar o tempo passar”, cuidar dos netos e fazer tricô. Pessoas maduras ainda estão ocupadas em mudar o mundo ao seu redor. Estamos vendo – e vivendo – o processo de envelhecimento de forma diferente.
Descobrir a beleza de algumas rugas, dos cabelos brancos, do corpo imperfeito é libertador. E com isso vem necessidade de nos expressarmos, um sentimento universal e sem idade. A nossa individualidade cresce com o passar do tempo. Não a do egoísmo, mas a descoberta do que somos e o que nos faz bem. Por isso, precisamos “trabalhar” para estar bem em qualquer idade, sem que isso necessariamente tenha a ver com parecer jovem.